Visto negado? Você não é o único e não será o último. Olsen v. Albright - An interesting case.

Para os brasileiros que já tiveram seu visto negado em algum consulado norte-americano sem motivo aparente: você não foi o único e não será o último. Ao estudar o "Direito da Imigração" norte-americano, me deparei com casos de oficiais (estadunidenses) que foram deslocados para trabalhar em São Paulo e foram instruídos para fazerem entrevistas e NEGAREM o visto de brasileiros com base em cor, "classe social" e origem. Um desses oficiais se negou a obedecer a ordem e foi despedido. O oficial Olsen entrou com uma ação contra a Secretaria do Departamento do Estado norte-americano e declarou que as instruções eram marcar os brasileiros de acordo com as seguintes categorias: RK ("Rich Kid" = criança rica); LP ("Looks Poor" = Parece pobre); TP ("Talks Poor" = Não fala bem); LR ("Looks Rough" = parece grosseiro); TC ("Take Care" = Tome cuidado). Algumas das razões para negar os vistos incluíam "Slimy looking [;] wears jacked on shoulders w/ earring" (Aparência grosseira; usa jaqueta nos ombros e tem brinco); "bad appearance" (Má aparência); "Looks + Talks Poor" (Se veste e Fala mal). O manual publicado pelo consulado também vinha com uma categoria: "Fraude Chinesa/Coreana". 
O manual listava cidades brasileiras conhecidas por fraudes, a maioria delas com populações predominantemente negras e mandava um aviso: qualquer pessoa nascida em alguma dessas cidades deve ser considerado suspeito a não ser que seja mais velho e bem viajado. Um aviso aparte, distribuído a TODOS os consulados americanos localizados no Brasil instruíam que: "Sobrenomes árabes e chineses disparam o alarme, independentemente do passaporte e nacionalidade que eles tenham [...] A maioria dos brasileiros não tem interesse em assumir uma falsa identidade, mas árabes e chineses são dois grupos com os quais devemos nos preocupar". O oficial tinha o dever de fazer entrevistas de no mínimo 3 minutos e tinha que atingir uma porcentagem de 30% de visto negados. Obviamente, o julgamento feito pelo oficial (cônsul) era com base nos perfis acima descritos.
Sempre tive suspeita de que existia algo por trás das cortinas dos consulados norte-americanos, mas ao ler isso EM UM LIVRO DIDÁTICO que uso no meu dia-a-dia, me deixou com dó e nojo desse sistema FALHO, MESQUINHO e, por seu completo, DISCRIMINATÓRIO!


O fato retratado no livro aconteceu há alguns anos, mas tenho certeza que continua sendo uma praxe no dia-a-dia do consulado. 

Aqui está a sentença do oficial na íntegra, para quem tiver interesse:


http://scholar.google.com/scholar_case?case=6397227172571401074&q=+990+F.+Supp.+31&hl=en&as_sdt=2%2C44

Espero que essa indignação não seja só minha. Se você conhece alguém que passou pelo mesmo problema, conta a história pra gente!

KEEP CALM & LAWYER ON!

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